Às vezes eu penso em você.
Às vezes não penso em ninguém.
Quando te vejo, sinto que só cabe você em meu peito. Mas minto...cabe muito mais.
Aqui cabem até os ladrões. Ladrões pobres, pois ladrões ricos não passam por aqui não.
Às vezes não penso em você, nem lembro que você existe. Mas quando, como fotografias, meu cérebro processa sua imagem na minha memória, tudo fica como em slides antigos que minha mãe projetava nas portas do guarda-roupa branco. Lúdico voltando para mim.
Daí, te amo desmesuradamente. Você criança, eu criando adultos.
Amo inclusive os ladrões.
Você já roubou alguma coisa?
Eu já.
Várias coisas.
Roubar não é bom.
Pegar emprestado e nunca mais devolver é melhor.
Uma vez fui presa por um assalto que fiz a um banco.
Depois, deus apareceu na prisão e disse:
- soltem a menina!
Vi o sol nascer quadrado por vários dias.
Quando saí, eu era um pássaro negro. Minhas asas doíam de amputadas.
Resolvi correr por toda cidade e abrir, uma por uma, todas as portas de todas as gaiolas, em todas as casas, em todas as lojas onde houvesse passarinhos presos.
Foram vários minutos de céus em pássaros. Foram vários, porque vários estavam presos.
Era preciso voar e eu corria.
Depois, fui para casa dormir.
Lembrar de você cansa...
2 comments:
Eu li, e gostei. Beijos
Eu li.
e vi também.
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