Sunday, December 11, 2011

Jogo do bicho


Duas ratazanas mortas em um percurso de corrida de 5 quilômetros.
Impossível não pensar no narrador-Clarice sendo surpreendida pela mesma visão, exatamente quando se sentia a mãe de deus.
Olha, eu tenho que confessar uma coisa.
Eu sempre soube que não seria fácil, fui educada para pensar assim.
Viajei, fui ver o mar, aprendi coisas. Fui novamente educada para aprender a pensar e a perspectivizar o meu olhar.
Sempre pedi para que eu fosse um espírito cheio de luz, que deus livrasse minha boca de toda calúnia, que abençoasse meus passos, mesmo aqueles que dei em falso.
Saí das casas que montei por aí e vim para a cidade mais bonita do mundo. É. Mesmo sem conhecer o mundo, essa colocação é fácil de ser feita. Basta ter olhos para ver, basta fechá-los e sentir.
É mar aberto, é baía, é mata adentro. Tudo em um lugar céu.
É pão de açúcar de um lado, é o Cristo Redentor te olhando do outro. O mar ali, destroçado, onde antes era um mangue.
Tudo a duas esquinas de casa, onde camelôs fogem todos os dias da hipocrisia do rapa. Como se todo mundo já não vivesse em um mundo-simulacro.
Atrás do original, só os tolos. Não os fool on the hill. Os tolos, aqueles. Lopes também.
Espero que ver dois ratos em um único dia, em um único percurso, faça eu apertar os olhos e ver que tudo isso, a vida em cheio, está mandando seus sinais. Vou fazer minha fé aqui na esquina, em que camelôs e jogo do bicho se expõem e se escondem, concomitantemente.
Life, I thought I knew you well.
Está na hora de eu virar um espírito de luz e de me despedir. O movimento não para. Os lugares todos com seu charme e a vida pedindo para eu interromper a procura.
Silêncio. Meus fones de ouvido tocam silêncio.

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