Wednesday, March 30, 2011

entre malas e cuias


Um dia
Eu quis vir para a bahia.
Arrumei mala e cuia.
Caixa de doces da avó.
Queijos de minas,
Panos de prato da mãe, colher de pau e caixa de costura para alguma inventável necessidade.
Vim.
Colher de pau perdeu-se por aí.
Caixinha de costura ficou por ser mais inventada,
Panos de prato misturaram-se com outros que não meus.
Os quitutes e quitandas, comi-os com a prima que tem nome de estado do norte da américa.
A mala, cansada de velha dessas andanças grandes minhas pra lá e pra cá, foi para o beleléu na mão da margarida que apareceu.

Coisa triste é escrever sentimento de saudade.
Tivesse eu olhado com força pr’os olhos da minha cachorra e jamais teria partido pra depois das minas mais que longes.
Não segurei firme no joelho da minha avó para saber realmente que ela sempre me quereria por aquelas bandas. Não senti direito o perfume da minha mãe.
Consegui o diploma que vim buscar. Aprendi pouco nesse tempo. Muito mais foi o que inventei pra sofrer.
Somei perdas e angariei fracassos. Alguns sonhos se dissolveram na maresia, já não posso tanto com o que tanto quis e isto se foi
e evacuou-se.
Hoje, quando senti o peso do meu corpo, vi que não era mais menina e que desta forma os meus sonhos já não poderiam ser conhecer yemanjá.
Troquei o céu do cerrado pelo mar.
Olho confusa para as folhas onde escrevo textos.
Como foi mesmo que brotou tanta palavra da mão?
O mar é quente, o mar é grande, o mar é demais para mim.
Meus sentimentos são pequenos. Do tamanho de lagoas e rios e cachoeiras. Muito trabalho para se chegar até eles.
Meu sentimentos são fundos como a água escura que, dizem, engoliu o moço para sempre.
Meus sentimentos são poucos e pequenos. São do tamanho do olhar que eu não tive.

O mar é demais pra mim.

2 comments:

AF said...

Ja te falei um milhao de vezes que amo este texto? E amo voce?

Muadiê Maria said...

Gostei muito desse texto. O mar é uma referência de / pra vida.
Martha