Quando senti que estava burocratizando deus, que ele era o meu office boy, entendi que estava tudo errado.
Ele não tinha barbas brancas. Nem mãos para me carregar.
Entendi que a palavra era a única transcendência,
e que eu deveria tirar das coisas e das pessoas a sensibilidade para perceber o que eu sentia. Nada além.
Aquele tanto de ressalvas com deus por esses anos todos. Foi quando compreendi inexoravelmente que deus é. Ponto final.
Se eu já não acreditava mais nas possibilidades originais, vivia apenas imitando e copiando tudo aquilo que eu gostava. Vi que não havia deus, mas que havia homens, esses sim.
Reproduzidos aos montes visíveis dos meus olhos e fazendo coisas para eu os ver e os sentir.
Essa a transcendência, essa a natureza da natalidade de mulheres que espirram filhos de suas bocetas. Acredito na fúria do mar, na força dos vendavais retirando as moradas de seus locais fixos. Depois que se morre? Morre-se, e é tudo. Ninguém sabe mais.
Da natureza eu sei: brota inclusive no asfalto.
No comments:
Post a Comment