Estou estéril diante da página em branco.
Palavras sem nexo regurgitam em minha cabeça como se fossem tentativas proibidas de felicidade em uma noite que não amolecerá ao menor sol.
Sorrio mentalmente e falo frases em frente ao ventilador só para tentar parir algo às 23:01. Hoje é dia 08 de abril. Ainda não consegui terminar o que nem comecei a fazer. Gasto horas e dias lendo gibis, vendo as fotos de Tina Modotti na rede, lendo Trotsky e bocejando pelas tardes onde o único trabalho que executo verdadeiramente é o da limpeza do cocô dos gatos. Esqueço que são fêmeas.
A vida me confunde nas declarações de imposto de renda. Esqueço o que fiz com as montanhas de dinheiro que gastei quando ainda tinha algum. Paguei birita para os amigos, dei de presente livros caros, comemos japonese food toda semana. A fonte secou e a malha fina me pega quando não, nada me resta.
Resta sim: algum amigo que esqueci de procurar, Jaqueline, talvez.
As boas frases me assaltam pela tarde, logo depois do almoço, mas nessa hora, nunca tenho vontade de escrever e fico fazendo murrinhas no teclado do computador.
23:11. Volto a ligar o ventilador. Não preciso falar mais nada. Continuo estéril diante da página em branco. Sorte de quem escreve no preto.
1 comment:
Caraca... é incrível a capacidade de nos encontrarmos num texto, escrito e habitado em lugares que nunca passei, mas que já me deixou com vontade de voltar!
Beijos
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