O passado volta rápido.
Tem sempre alguém que morre na história.
Tudo anos 90.
Dor sem locuções, cujos personagens estão desfigurados.
Sem narrativas e precedentes.
Dor, em estado puro de doer cada vez mais.
Achei que fosse passar com os anos.
Mas o que aconteceu foi que ela, de repente,
se assentou no meu peito.
Acordo violentada pelas noites.
Depois do telefonema eu devo ter dado um último suspiro em que caminharia até ali sem aquela dor, depois do suspiro, novo telefone, tudo mudando, céu estrelado virando cinza pura, vontade de morrer para sempre.
A vontade passou na medida em que meus olhos perdidos foram ficando.
Me atrapalhei desde então. Cometo rudezas, desconfianças...o passado me faz, de vez em quando, me olhar triste pelas ruas, dentro de um ônibus, mesmo quando tudo vai bem...
A alegria me desespera, pois sei que ela é sempre passageira. Como essa dor, que resolve dar trégua, para voltar ainda mais forte e destruidora.
Ah, deus, que eu gostava tanto de você e você mesmo assim não me poupou...
É de pequena que eu tinha medo do sol, mas não sabia ainda por que...
acarinha minha pele, que todo abraço em luto nunca valerá mais que todo esse sol ressecante, essa chuva que destrói ninhos de pássaros, a fome dos latinos, a dor dos vivos. Viver. Uma promessa que recebemos sem limites. Essa é a mágica da dor.
1 comment:
Como passei despercebida por esse texto afiado e lindo?
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