bananas flambadas

Estou de avental enquanto brinco de Amélie Poulain.
Você está triste, Drummond?
A vida é isso: hoje beija, amanhã não beija e segunda-feira ninguém sabe o que será.
Mas olha que coisa importante:
Eu sei fazer bananas flambadas.
Aprendi vendo. A maioria das coisas se aprende vendo. A repetição vem a posteriori. Vendo e ouvindo.
Não é importante saber fazer bananas flambadas? Quem sabe se num dia de tristeza você resolve aparecer?
São coisas desimportantes...que só interessam aos desimportantes. Para nós tudo importa, mesmo as miudezas e finitudes. Aquilo tudo que acaba, que tem fim. Piqui é uma coisa desimportante. Só adultos comem, as crianças vão demorar anos para chegar a isso. Muita coisa deve passar pelo seu paladar, muitos tipos de gostos...um dia, piqui na boca, ou gosta ou não gosta. Como tudo na vida. Ou vai gostando devagar, como eu e você. Começando sempre. Como as amizades.
Mas hoje é dia de voto. Tem de escolher e é para sempre por 4 anos. 4 anos. Ou 8.
Desimportante é o azul muito azul do céu de hoje, quase não se vê o sol de tanto azul solar.
Sou eu de avental branco-colorido pensando em miudezas que não têm por objetivo serem outras coisas se não miudezas, bananas flambadas. Enormes tartarugas marinhas e poemas pequeno-grandes cheios de nada.
O que é desimportante para você?
Aquele nome no muro, as fotos performáticas, as saúdes que recebemos todos os dias. A boa televisão que me evoca para esse rastro que é uma trincheira, pois sei que estou bem perto, bem perto de tudo, de tudo que se acaba e que tem fim. E mais isso.
As formigas que mato com a mão. Ai, bichinhos de Deus, por que tantos? Tão numerosos pelos banheiros, salas, corredores.
Toco instrumentos imaginários, converso com pessoas que não existem, como uma sobremesa francesa que eu mesma fiz, e sou brasileira do interior do interior do interior. Nem dava para ser mais para dentro e, penso,
que as desimportâncias nunca têm fim....